quinta-feira, 15 de abril de 2010

Mais uma de Matha Medeiros...

O que é que faz a gente se apaixonar por alguém? Mistério misterioso. Não é só porque ele é esportista, não é só porque ela é linda, pois há esportistas sem cérebro e lindas idem, e você, que tem um, não vai querer saber de descerebrados. Mas também não basta ser inteligente, por mais que a inteligência esteja bem cotada no mercado. Tem que ser inteligente e... algo mais. O que é este algo mais? Mistério decifrado: é o jeito.

A gente se apaixona pelo jeito da pessoa. Não é porque ele cita Camões, não é porque ela tem olhos azuis: é o jeito dele de dizer versos em voz alta como se ele mesmo os tivesse escrito pra nós; é o jeito dela de piscar demorado seus lindos olhos azuis, como se estivesse em câmera lenta. O jeito de caminhar. O jeito de usar a camisa pra fora das calças. O jeito de passar a mão no cabelo. O jeito de suspirar no final das frases. O jeito de beijar. O jeito de sorrir. Vá tentar explicar isso.

Pelo meu primeiro namorado, me apaixonei porque ele tinha um jeito de estar nas festas parecendo que não estava, era como se só eu o estivesse enxergando. O segundo namorado me fisgou porque tinha um jeito de morder palitos de fósforo que me deixava louca – ok, pode rir. Ele era um cara sofisticado, e por isso mesmo eu vibrava quando baixava nele um caminhoneiro. O terceiro namorado tinha um jeito de olhar que parecia que despia a gente:não as roupas da gente, mas a alma da gente. Logo vi que eu jamais conseguiria esconder algum segredo dele, era como se ele me conhecesse antes mesmo de eu nascer. Por precaução, resolvi casar com o sujeito e mantê-lo por perto.

E teve aqueles que não viraram namorados também por causa do jeito: do jeito vulgar de falar, do jeito de rir – sempre alto demais e por coisas totalmente sem graça –, do jeito rude de tratar os garçons, do jeito mauricinho de se vestir: nunca um desleixo, sempre engomado e perfumado, até na beira da praia. Nenhum defeito nisso. Pode até ser que eu tenha perdido os caras mais sensacionais do universo.

Mas o cara mais sensacional do universo e a mulher mais fantástica do planeta nunca irão conquistar você, a não ser que tenham um jeito de ser que você não consiga explicar. Porque esses jeitos que nos encantam não se explicam mesmo.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Opinião - bastante - respeitável.

Na onda das adaptações, segue mais uma.
Diz a lenda que a original desta foi escrita por um homem.
Ou por uma mulher que queira mesmo que eles pensem assim.
Como quem adaptou.


Opinião de um homem sobre o corpo feminino

"Não importa o quanto pesa. É fascinante tocar, abraçar e acariciar o corpo de uma mulher. Saber seu peso não nos proporciona nenhuma emoção.

Não temos a menor idéia de qual seja seu manequim. Nossa avaliação é visual, isso quer dizer, se tem forma de guitarra... está bem. Não nos importa quanto medemem centímetros - é uma questão de proporções, não de medidas.

As proporções ideais do corpo de uma mulher são: curvilíneas, cheinhas, femininas...

Essa classe de corpo que, sem dúvida, se nota numa fração de segundo. As magrinhas que desfilam nas passarelas, seguem a tendência desenhada por estilistas que, diga-se de passagem, são todos gays e odeiam as mulheres e com elas competem. Suas modas são retas e sem formas e agridem o corpo que eles odeiam porque não podem tê-los.

Não há beleza mais irresistível na mulher do que a feminilidade e a doçura. A elegância e o bom trato, são equivalentes a mil viagras. A maquiagem foi inventada para que as mulheres a usem. Usem! Para andar de cara lavada, basta a nossa. Os cabelos, quanto mais tratados, melhor.

As saias foram inventadas para mostrar suas pernas... Porque razão as cobrem com calças longas? Para que as confundam conosco? Ocultar essas formas, é como ter o melhor sofá embalado no sótão...

É essa a lei da natureza... que todo aquele que se casa com uma modelo magra, anoréxica, bulêmica e nervosa logo procura uma amante cheinha, simpática, tranquila e cheia de saúde.

Nós gostamos das mulheres que sabem conduzir sua vida com equilíbrio e sabem controlar sua natural tendência a culpas.

Ou seja, aquela que quando tem que comer, come com vontade (a dieta virá em setembro, não antes; quando tem que fazer dieta, faz dieta com vontade (sem sabotagem e sem sofrer); quando tem que ter intimidadecom o parceiro, tem com vontade; quando tem que comprar algo que goste, compra; quando tem que economizar, economiza.

Algumas linhas no rosto, algumas cicatrizes no ventre, algumas marcas de estrias não lhes tira a beleza. São feridas de guerra, testemunhas de que fizeram algo emsuas vidas, não tiveram anos 'em formol' nem em spa.... viveram!

É o sagrado recinto da gestação de todos os homens, onde foram alimentados, ninados e nós, sem querer, as enchemos de estrias, de cesárias e demais coisas que tiveram que acontecer para estarmos vivos.

A beleza é tudo isto".

domingo, 7 de setembro de 2008

Miss Imperfeita (Adaptação do texto de Martha Medeiros)

Eu não sirvo de exemplo para nada, mas, se você quer saber se isso é possível, me ofereço como piloto de testes. Sou a Miss Imperfeita, muito prazer.

Uma imperfeita que faz tudo o que precisa fazer, como boa profissional, filha e mulher que também sou: trabalho todos os dias, ganho minha grana, vou ao supermercado sempre que necessário, leio jornal e revistas diariamente, ajudo a decidir o cardápio da família, almoço com ela, estudo para me manter atualizada, telefono para minha mãe para avisar de meus horários, procuro minhas amigas, namoro, viajo, vou ao cinema, pago minhas contas, compro roupas e sapatos, respondo a toneladas de e-mails e scraps, compro mais roupas e sapatos, faço revisões no dentista, mamografia, vejo novela, compro flores para casa, garanto as fotografias dos bons momentos com amigos e família, participo de eventos e reuniões ligados à minha profissão e ainda faço escova três vezes por semana - e as unhas!

E, entre uma coisa e outra, leio livros. Portanto, sou ocupada, mas não uma workaholic. Por mais disciplinada e responsável que eu seja, aprendi duas coisinhas que operam milagres.

Primeiro: a dizer NÃO.
Segundo: a (tentar) não sentir um pingo de culpa por dizer NÃO.

Culpa por nada, aliás. Existe a Coca zero, o Fome Zero, o Recruta Zero. Pois inclua na sua lista a Culpa Zero.

Quando você nasceu, nenhum profeta adentrou a sala da maternidade e lhe apontou o dedo dizendo que a partir daquele momento você seria modelo para os outros.

Seu pai e sua mãe acredite, não tiveram essa expectativa: tudo o que desejaram é que você não chorasse muito durante as madrugadas e mamasse direitinho.

Você não é Nossa Senhora. Você é, humildemente, uma mulher. E, se não aprender a delegar, a priorizar e a se divertir, bye-bye vida interessante.

Porque vida interessante não é ter a agenda lotada, não é ser sempre politicamente correta, não é topar qualquer projeto por dinheiro, não é atender a todos e criar para si a falsa impressão de ser indispensável.

É ter tempo. Tempo para fazer nada. Tempo para fazer tudo. Tempo para dançar sozinha na sala. Tempo para bisbilhotar uma loja de discos. Tempo para sumir dois dias com seu amor. Três dias. Cinco dias!

Tempo para uma massagem. Tempo para ver a novela. Tempo para receber aquela sua amiga que é consultora de produtos de beleza. Tempo para fazer um trabalho voluntário. Tempo para procurar um abajur novo para seu quarto. Tempo para conhecer outras pessoas. Voltar a estudar. Para engravidar. Tempo para escrever um livro que você nem sabe se um dia será editado. Tempo, principalmente, para descobrir que você pode ser perfeitamente organizada e profissional sem deixar de existir.

A mulher moderna anda muito antiga. Acredita que, se não for super, se não for mega, se não for uma executiva ISO9000, não será bem avaliada.

Se o trabalho é um pedação de sua vida, ótimo! Nada é mais elegante, charmoso e inteligente do que ser independente. Mulher que se sustenta fica muito mais sexy e muito mais livre para ir e vir. Desde que lembre de separar alguns bons momentos da semana para usufruir essa independência...

Desacelerar tem um custo.

Talvez seja preciso esquecer a bolsa Prada, o hotel decorado pelo Philippe Starck e o batom da M.A.C. Mas, se você precisa vender a alma ao diabo para ter tudo isso, francamente, está precisando rever seus valores.

E descobrir que uma bolsa de palha, uma pousadinha rústica à beira-mar e o rosto lavado podem ser prazeres cinco estrelas e nos dar uma nova perspectiva sobre o que é, afinal, uma vida interessante.

domingo, 23 de março de 2008

Feliz Páscoa para nós mulheres!!

Na verdade, entre tantos, o que atrai é mesmo a aparência. Quanto mais bonito, atraente e... disputado, esse é meu foco. Tomo licença e falo por todas nós mulheres. Está certo que, às vezes, são todos muito iguais e não sei muito bem porque escolhi justo aquele. Justo aquele!

O interior é óbvio que também é valorizado. Mas nisso a gente só pensa depois. À primeira vista, queremos o mais bonito da ocasião.

E com leve sacrifício, conquistamos. Logo, difícil não pensar na tal hora. Apesar da expectativa, ainda antes, queremos descobrir o que nos aguarda. Acreditamos em tudo o que nos dizem. As expectativas sobre o momento aumentam. Só imaginamos os instantes de prazer.

É verdade que, muitas vezes, por fora já descobrimos que são portadores de gramas que, definitivamente, não são necessárias e que, para nossa reputação, vão causar prejuízos... Mas, obcecadas, relevamos. Afinal, a gente bem sabe que na hora ‘h’ o fato não se torna nenhum sacrifício.

Chegamos, enfim, ao local dos fatos. Quanta ansiedade. Não é preciso nenhuma cerimônia, nem nada para acompanhar. Começamos a desembrulhar. Aí, como em tantas outras coisas, percebemos que se trata apenas de uma casca sem graça. Um simples chocolate moldado na forma mais atrativa para a data comercial. Porém, admitimos: na medida de nosso esperado prazer!!!

E como eternas insatisfeitas já pensamos nos próximos a conquistar. Sempre na expectativa de encontrar, debaixo daquela embalagem cheia de promessas, uma casca surpreendentemente trufada, um interior repleto dos mais finos bombons e, quem sabe, até um brinde surpresa...

sexta-feira, 14 de março de 2008

Respeitável público... há magia em todo lugar!!

As palavras do jovem garoto iluminado pelas luzes coloridas da fachada me trouxeram um breve sorriso. Sorriso que talvez não tenha o feito entender. Talvez por surpreender. Ou, quem sabe, intimidar.

Com um olhar perguntador, ficou encabulado ao perceber que, certamente, as perguntas teriam continuidade. Abaixou a cabeça... e com os pés, alisou a grama. Então - com uma certa formalidade que nada combinava com aquela calça larga vermelha seguras por um estreito suspensório azul - pediu licença.

Mais um sorriso... e, nessa hora, as perguntas já haviam mesmo fugido. Um momento como poucas vezes presenciei e certamente, na vida, ainda pouco irei. Simples. Suave. Portador de uma poesia sem palavras. Sem pretensão.

No mesmo gramado, as crianças corriam e gritavam contentes. O cheiro da pipoca doce e do algodão, também doce, ajudavam a compôr o primeiro dos espetáculos.

Por alguns minutos permaneci calada. Por alguns minutos permaneci ainda mais atenta. Por alguns minutos, agora, sou capaz de recordar todos aqueles minutos.

Debaixo da lona, o espetáculo começava. O homem da capa e cartola preta foi o primeiro a aparecer. Dentro de um baú, cortou uma de suas assistentes. Logo depois, tochas de fogo eram lançadas para o ar por um outro rapaz, ainda mais novo. Vieram também as moças que deixam o chão com a ajuda de um tecido. Quando acabara de entrar o grupo que, no ar, se exibe de um lado para o outro, vozes de criança me levaram a deixar o grande público.

Elas estavam descalças e ambas sem camisa. Um menino e uma menina. Os joelhos sujos de terra e os descabelados fios de cabelo fascinavam tão quanto a apresentação principal. Nas extremidades da pequena mesa improvisada, jogavam ping-pong no quintal de casa.

Ao redor, traillers enfileirados. Mais de vinte. Na janela de um, uma moça com uma toalha verde nos cabelos segurava uma embalagem de desodorante corporal. Na porta do outro, um senhor com um pão e uma faca nas mãos.

Encostada, e um pouco escondida, continuei a observar aquele modo de vida ainda pouco, por mim, conhecido. Lembrei das palavras do envergonhado jovem logo na minha chegada. Com toda naturalidade, me disse não saber desde quando morava naquele lugar, nem ao certo quando iria deixar a cidade. Se o destino é Guarujá, Praia Grande ou Botucatu... isso é detalhe! Disse que a família dele era extensa e que todos moravam lado a lado e, mesmo quando chegava a hora de se mudar, continuavam a morar lado a lado.

Agora sim, a certeza do imaginado no início da noite. Como diz a música de um grupo musical de palhaços alternativos, ali é ‘tudo uma coisa só’. A casa é onde quiser que seja. A família são todos que, juntos, convivem. A vida é vivida sem contagem de tempo. Risadas também fazem parte e são rotineiras.

Falando nisso, volto à atração principal. Somente alguns passos e lá estava o agora palhaço, antes poeta de um cenário natural. Em ação, ia além. Arrancava contínuas gargalhadas de um incontável público. Um legítimo protagonista para os dois lados do espetáculo... e continuava a encantar. Bastava observar. Mesmo acostumado com tantas risadas, conservava a capacidade de se encabular por qualquer sorriso desconhecido...

quinta-feira, 6 de março de 2008

Em frações de segundos...

- Ande. Depressa. Você está atrasada.
- Calma, dá tempo. Meus pais já chegaram?
- Ainda não os vi. Me diz, como você consegue se atrasar justo no seu dia?
- Difícil é não atrasar. Nossa, eles vão ficar tão felizes de me ver nessa roupa...
- Vamos, te ajudo a fechar.
- É assim mesmo que veste?
- Claro, como seria?
- Não sei, é a primeira vez que visto isso. Cadê a faixa? Qual a cor?
- Tome. É azul.

{Azul... O mesmo daquele dia. Mas daquela vez em forma de uma blusa de um ombro só. Lembro mais: foi acompanhada daquela mini-saia jeans e da antiga sandália de madeira preta. Risos. E, junto, meu pai: vestida assim, todo mundo vai saber que é ‘bixo’. Mas vestida assim como? Até hoje não sei o que ele quis dizer com isso...

Nossa. Já se foram quatro anos. Como uma data pode ficar tão fresca na memória de uma pessoa? Será que é porque estou com o mesmo frio na barriga e aquela mesma expectativa de fase nova para começar? Será que desta vez também vai dar tudo certo?

E como eu mudei em quatro anos. Ninguém acredita. E quem diria? A amiga do colégio que dividia as primeiras carteiras comigo resolveu mudar de curso... e virou ainda mais minha amiga. Aquela menina atleta da natação que era tão quietinha e inteligente veio a se tornar uma pessoa tão querida e inesquecível. E a outra garota que na primeira semana pedia para entrar no meu grupo... quem diria que seria ela a minha companheira do trabalho dos nossos sonhos junto com aquele menino grandão lá do fundo da sala. E as tantas outras pessoas especiais que vou encontrar lá em cima. Se bem que, desta vez, sei quem vou encontrar ao subir estas escadas... e ninguém mais vai achar que estou vestida de bixo. Nossa, será mesmo que meu pai ainda não...}

- Não acredito que vai ficar parada. Cristiane, pare de chorar. Já está toda borrada. Deixa eu arrumar.
- ...
- Pronto. Está linda. Corra. Estou com sua máquina.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Yeah Yeah

Pois é. Diversas vezes que me deparei com a tal pergunta. Em algumas respondi de primeira: o inverno. Mas lembro também de não ter hesitado em dizer: o verão, é óbvio!

Hoje, me limito a falar que não sei. Na verdade, acho que o verão não é uma estação. É um estado de espírito. Sim, um estado de espírito!! E hoje, ah, hoje, eu ‘tô é pro verão!’.

Estou para acordar cedo, me apressar para chegar à praia... e, chegando lá, quem sabe, voltar a dormir. É. À sombra de um guarda-sol ou uma folha de palmeira... tanto faz. Talvez quando acordar, corra até mar, sujo ou limpo, eu quero é aproveitar.

Quero dar risada, beber o que tenho vontade, sair com quem for sem ter hora pra chegar. Pegar o carro e acelerar... só para sentir o vento bom embaraçar os fios de cabelo. Cantar alto uma música qualquer, não ter medo de sorrir para quem quiser...

Também quero ficar em casa lendo uma boa biografia antiga ou relatos de um velho jornalista. Quero sentar no computador numa noite quente de céu estrelado e ficar escrevendo meia dúzia de idéias...

Mas, assim, o que vou contar para os meus netos? Ah. Penso nisso depois, quero mesmo é viver o agora... seja do jeito que for...

Para ser sincera, o que me atrai mesmo nos dias em que estou em verão é que o verão, por si só, é sinestésico. Capaz de deixar a gente fazer, pensar e sentir o que quiser. São nos dias de verão que consigo ver muito bem qual a cor do sabor, sentir o cheiro do som e ouvir o barulho que sai dos aromas.

No meu último dia em verão, se me lembro bem, apesar de bastante azedo, foi quase tudo azul. O tão esperado verde teve um gosto bem amargo. Mas, ao mesmo tempo, aquele jazz também foi verde e esse teve um sabor muito bom... por fim, lembro que o perfume usado foi o blues que eu ainda iria enxergar.

E isso não troco por nada. Mesmo que daqui a pouco acabe o verão, aquele verão da estação, não tem problema... No outono, na primavera ou até mesmo no inverno, sei que ainda vou viver muitos dias de verão. E é só o que eu quero.